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@majutrindade 12 Abril 2023
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A primeira publicação do meu blog precisava ser uma introdução mais detalhada sobre mim, apesar de muitos já me conhecerem. Amo contar histórias; de preferência, cronologicamente. Meus amigos dizem que eu enceno demais enquanto falo, mas na verdade, por ser uma pessoa muito visual, tento usar tudo o que posso para fazer a pessoa enxergar o que estou querendo que ela entenda. Pois bem, senta que lá vem uma longa história...

Nasci em 1998 em Catanduva, interior de São Paulo. Aos três anos de idade, me mudo para Guarulhos. Até meus doze anos, o Cecap (bairro muito conhecido da região) foi minha casa, onde morei com a minha mãe, meus avós, meu tio e um primo. Nesse período pude vivenciar muitas histórias. Lembro como se fosse ontem o quanto amava brincar com o pessoal do condomínio… Tinha que seguir algumas regras estabelecidas pela minha avó, incluindo esta nada típica: caso voltasse para casa, não poderia descer ao parquinho de novo. E foi aí que eu adquiri a habilidade de ficar horas sem usar o banheiro… Risos (hoje eu dou risada, mas era verdade). A maioria dos meus amigos era mais velha do que eu. Até brincava com os mais novos, mas não sentia muito interesse nos assuntos. Aliás, qual o principal assunto de uma criança de seis anos? Não me lembro. Por ser muito observadora, andar com meninas mais velhas me trazia informações de forma mais antecipada. Naquela época, a Avril Lavigne era a maior inspiração de estilo para as garotas, e eu, por influência das “mais velhas”, também acabei aderindo à tendência da munhequeira e unha preta.

Se eu pudesse conversar com as pessoas que conviveram comigo na infância, sei que a maioria iria dizer que fui uma criança arteira — e concordo com elas. Naquela época eu sentia a necessidade de aprontar e inventar uma coisa nova a cada dia. Por que não tocar a campainha de todos os vizinhos e sair correndo? Por que não me aventurar andando de bicicleta (sem ter aprendido direito) com a minha prima na garupa (e cair de cara no asfalto)? Por que não criar uma história que a vizinha do bloco de cima era bruxa e ficar com medo toda vez que a encontrava?

A vida no Cecap foi ótima. Minha prima foi uma das pessoas mais próximas e me influenciava muito na época. Dormir na casa dela era um evento de grande animação. Uma das coisas que eu mais amava fazer era sentar ao seu lado e assisti-la mexer em seu computador de tela quadrada e amarelada (tempos de internet discada, só quem viveu sabe), dividindo o fone de ouvido + baixando músicas online… E no fim da tarde? Assistir aos clipes mais pedidos na TV (Saudades MTV!!!). Ninguém escapava das minhas ideias, inclusive a minha tia, que por muitos anos serviu de cobaia do meu “salão de beleza”. Fazia as unhas dela (com florzinhas, ok?), chapinha no cabelo e adorava maquiá-la com lápis de olho prateado. Até quando não tinha o que fazer, eu inventava alguma coisa. No meu aniversário de 2006, eu ganhei um diário que despertou minha vontade de escrever e desde então, comecei a colocar para fora meus pensamos. Meu diário era acompanhado de um cadeado no mínimo duvidoso, pois poderia ser quebrado facilmente (mas vamos fingir que meus desabafos foram supostamente protegidos).

Conforme fui crescendo, percebi uma satisfação em coisas que inspiravam minha criatividade. Amava colorir desenhos e pendurá-los no meu quarto. Também gostava de fazer meu próprio styling misturando peças improváveis das roupas que minha prima mais velha doava pra mim. Customizar as próprias roupas e estragá-las era uma das minhas atividades favoritas. Tive a fase de pintar a unha cinco vezes na semana e ir toda maquiada para a escola.

Bem, cheguei na fase da escola… Gostava muito daquele lugar, mas não amava estudar. Sempre fui de humanas, como devem perceber. Geografia, Artes, a saudosa Educação Física onde criava as coreografias pra gincana do colégio. Exatas? O que tenho a ver. Com certeza hoje eu aproveitaria muito mais e usaria a minha curiosidade e vontade de aprender de uma forma diferente.

Fotografia: Bossa

"E a fotografia, Maju?" Foi tudo bem gradativo. No início, apenas observava as fotos que meus avós revelavam; depois veio o interesse pelas máquinas fotográficas. Até o dia que minha avó apareceu em casa com uma Kodak digital (super novidade na época), o que mudou minha vida completamente. A princípio, tirava muitas fotos de paisagens e principalmente retratos, onde esperava crucialmente a entrada da luz da tarde para conseguir os melhores registros que me rendiam belas fotos para o meu Orkut. Minha primeira grande realização veio anos depois, quando ganhei dos meus pais uma Nikon semiprofissional.

Tive uma boa infância; sou muito grata aos meus avós e familiares que sempre estiveram presente e contribuíram para o meu desenvolvimento, me ensinando valores que carrego até hoje. A fase adolescente foi um tanto agitada e hoje em dia percebo que pude emancipar com alguns fios brancos dos meus pais. A internet surgiu pra mim como um lugar de desabafo. Sei que não foi o espaço mais adequado, mas com a maturidade de hoje, percebo que escrever no diário era bem mais seguro. Muitas pessoas começaram acompanhar a minha vida e sem ao menos entender a dimensão, ver outros adolescentes se identificando com os mesmos dilemas me causava grande alívio.

Em 2013 voltei a morar no interior, onde queria concluir o ensino médio e viver a minha adolescência. Fazer novos amigos, começar aula de violão e permanecer na ginástica olímpica eram coisas que eu gostaria de fazer. A aula de violão nunca deu certo, a ginástica olímpia foi substituída por festinhas aos finais de semana e fiz pouquíssimos amigos. Muita coisa mudou em quatro anos vivendo em Catanduva, inclusive a transição da minha jornada de trabalho na internet.

Comecei a receber propostas de trabalhos e parcerias sem nem saber que isso era possível. Era final de semana de prova do ENEM quando recebi uma ligação de um conhecido me oferecendo a primeira proposta de trabalho com o meu canal - e daí em diante, as coisas começaram acontecer. Tive ajuda de uma agência que me deu todo o suporte e também ajuda do meu pai que foi fundamental. Resolvi aproveitar cada uma das as oportunidades que surgiam. Meu primeiro grande trabalho pela internet me levou até Nova Iorque, e mesmo sabendo apenas três palavras em inglês na época, sentia que nada poderia me intimidar — afinal, eram oportunidades que eu precisava abraçar.

Fotografia: Bossa

Do nada me deparei com uma nova realidade: conciliar trabalho e estudos. Ir aos Estados Unidos em um dia, e no outro, estar na sala de aula em Catanduva. Estar um dia na África do Sul gravando um comercial para a Adidas e no outro, ter que fazer prova de recuperação. Ou em menos de 24hrs ir à Suíça buscar a chama da tocha olímpica das olimpíadas de 2016 e retornar dia seguinte ocupada com as minhas obrigações de casa. Para mim, essa dualidade sempre foi cômica, pois nunca vivi algo parecido antes.

Me formei e algum tempo depois, tive uma experiência de um rápido intercâmbio em Los Angeles, onde aprendi inglês e conheci a cidade. Já tinha feito 18 anos quando voltei para o Brasil e resolvi tomar a decisão de me mudar para a capital. Uma grande mudança em muitos sentidos. Foi realmente o inicio da minha vida adulta com responsabilidades ainda maiores. Tudo longe, tudo caro, tudo barulhento, tudo muito só.

Precisei amadurecer diante de todas as responsabilidades à minha volta. Neste período de juventude fiz muitos amigos e éramos muito unidos: aos finais de semana nos reuníamos e nossas conversas eram muito produtivas e edificantes. Muitos foram suporte e espelho para meu crescimento. Senti que amadureci dez anos em um. Tive que lidar com a formação da Maria Júlia adulta e foi muito estranho me enxergar dessa forma. Iniciar na terapia foi um outro grande suporte do qual sou muito grata à minha psicologa e de uma certa forma a mim mesma, por muitas vezes ter tido disposição de vasculhar assuntos que precisavam ser tratados. Sinto que fui muito corajosa. No meio de muitas mudanças eu busquei algumas outras, uma delas começar um namoro à distância. Estamos juntos há 5 anos e agora noivos! Graças a Deus a distância está mais perto de acabar, mas não foi fácil chegar até aqui. Permanecemos caminhando dia após dia e sou extremamente grata e feliz por ter encontrado ele.

Em 2019 tive uma experiência na Filadélfia (Estados Unidos), onde fui monitora de acampamento de verão — aqueles bem filme da sessão da tarde. A oportunidade surgiu e eu aceitei esse desafio. Vivi coisas muito legais em quase três meses. Foi algo bem diferente do que eu estava acostumada a fazer e assim que voltei, entrei em uma crise em relação ao que realmente gostava de trabalhar. Foram meses de muito desânimo e questionamentos… me sentia perdida e já não encontrava mais prazer em compartilhar minha vida como antes.

Fotografia: Bossa

Precisei passar um longo processo de questionamentos e solidão para poder me reinventar.

2019

Nesse momento desnorteada, tive vontade de iniciar algo diferente e foi aí que me matriculei no curso de Fashion Styling. O curso iniciou junto com a pandemia, no início de 2020. Não foi o melhor momento para iniciá-lo, mas acredito que foi no tempo que precisava acontecer. Entreguei o meu TCC e fiquei surpresa quando recebi a nota dez. Sou muito realizada por tudo o que aprendi e com a troca que tive com as pessoas. Fiz uma semana internacional em Milão e quando o curso acabou, meu primeiro pensamento foi: o que eu faço agora?

A princípio, meu objetivo era poder experimentar uma coisa que já me interessava, tendo minha motivação pautada na possibilidade de seguir uma alternativa de trabalho, onde não dependesse mais da minha aparição nas redes sociais. Terminei meu curso e optei por algo bem diferente dos meus primeiros planos, pois comecei a enxergar diversas novas possibilidades dentro desta minha atual carreira, o que me levou passar mais um tempo refletindo sobre tudo isso.

Qual caminho eu preciso seguir? Devo escolher apenas um? Perguntas difíceis para uma pessoa que ama fazer um monte de coisa — às vezes todas ao mesmo tempo. “Gosto de ser fotografada e fotografar. Gosto de filmar e editar. Música. Criar. De coisas visuais e bonitas. De ouvir, mas também contar histórias. Por fim, fazê-las virarem imagem.”

E foi mais ou menos assim que esse site nasceu.

Fotografia: Bossa

Assim como em 2019, que no meio de uma crise me matriculei em um curso, no início deste ano, passei por um período muito ruim que me fez questionar minhas escolhas e meus próximos anos. Em alguns dias offline, consegui analisar minha trajetória e meus reais desejos para o meu futuro. Depois de um cochilo (um cochilo ajuda em muitas coisas), fui assistir alguns filmes e procurar músicas diferentes pra ouvir. Isso me ajudou a simplesmente apreciar aquilo e comecei a escrever as ideias que vinham na cabeça.

Não queria me rotular. Não queria fazer apenas uma coisa. Decidi que posso continuar aprendendo e fazer tudo o que gosto de fazer.

Esse site foi criado para ser um espaço especial, assim como meu diário — qualquer pessoa que abrisse poderia me conhecer. Quero compartilhar ideias que possam te inspirar a viver o seu próprio caminho.

Ufa! Pensou que nunca ia terminar o texto, né? Não poderia deixar de agradecer todos os meus amigos virtuais: cada um de vocês. Que gostam de mim e do meu trabalho. Independente do quanto tempo já me acompanham. Espero retribuir de alguma forma todo o carinho que recebi ao longo desses dez anos online — e que continuo recebendo.

Que você goste e desfrute dos conteúdos do site. Meu muito obrigada às pessoas que me ajudaram a construir essa plataforma que eu já amo de paixão.

Agora poderei afirmar que sou uma blogueira, pois finalmente tenho meu próprio blog.

Muitos beijos, Maju.

Maju Trindade @majutrindade

Maria Júlia Trindade, mais conhecida como Maju, é uma influenciadora digital. Em 2016 teve um livro publicado, stylist formada em 2021 pelo IED, modelo, fotógrafa e dona de um Podcast. Atualmente faz parte de uma produtora de audiovisual como Diretora Criativa. Considerada um dos maiores fenômenos da internet brasileira somando mais de 12 milhões de seguidores.

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